quarta-feira, 28 de março de 2012

At Night

Ela não padece desse mal que se tornou mal de mim. Ela é incapaz de ser indiferente. A indiferênca, seja com o que for, repugna-a.O quarto tem de ser personalizado, belo. Nunca funcional, mas lindíssimo,  de facto é-o. O candeeiro, as almofadas castanhas e vermelhas, o tecido pendurado por cima da cama, tudo me remete para algo oriental, talvez por me lembrar de algo exótico, fora do meu mundo. Ela é assim, ateniense, não espartana, italiana, não inglesa. A indiferença, o utilitarismo e a sobriedade de palavras são antíteses do seu espírito, e por outro lado, marcam o meu. Porque então, esta tão estranha união? Não acredito no destino, acaso então. Mas se é acaso, o que vale? Não tem de valer, e poderia dissolver-se no tempo como tantas outras relações, mas esta é diferente. O tempo já chegou, já partiu, agora é uma espécie de limbo em que nada parece definitivo. O teste será o de uma viagem última, não o do tempo. Vejo-a, deitada a poucos passos de mim, tranquila como apenas durante o sono está. E até mesmo aí, é um sono mais agitado do que o meu. Bela e graciosa, como eu sonhava.

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